Como a Geração Z está redesenhando a lógica financeira

Crédito: Fast Company Brasil

Isabella Lessa 3 minutos de leitura

O teor exclusivista de produtos e serviços que seduziam os boomers e os X já não surte efeito com a Geração Z, mais ligada ao senso de comunidade e ao ativismo. E, diferentemente dos predecessores millennials, interessados em viajar o mundo e abrir mão do carro, os nascidos após 1995 são mais pragmáticos.

Ao mesmo tempo em que crescem sentindo os impactos de crises econômicas, financeiras e ambientais, são os mais autodidatas no ambiente digital e os que melhor transitam entre as conversas sobre gênero, equidade e sexualidade.

E essas nuances comportamentais devem estar atreladas ao desenvolvimento da experiência com finanças daqui para frente, de acordo com a fintech Z1, fundada no ano passado por quatro jovens da Geração Y: João Pedro Thompson (ex-Vereda Educação), Thiago Achatz (ex-Yellow e Rappi), Sophie Secaf (ex-BOX 1824) e Mateus Craveiro (ex-Pagar.me).

Matheus Craveiro, Sophie Secaf, João Pedro Thompson e Thiago Achatz, sócios-fundadores da Z1 (Crédito: Divulgação)

Hoje, a Geração Z já representa 33% da população global e a projeção do Bank of America é que eles ultrapassem os millennials em poder de compra até 2031. No Brasil, são 50 milhões de pessoas que movimentam cerca de R$ 84 bilhões. Mas a Z1 não gosta de se definir como um banco exclusivamente voltado para esse público – prefere apostar na lógica que perpassa gerações de que dificilmente um cliente muda de banco ao longo da vida. “Não somos um banco para adolescentes, a Z1 é uma coisa jovem, vamos nos mover com esse público e criar outros produtos à medida que fiquem mais velhos, para crescer com eles”, afirma Sophie.

Buscando aliar educação financeira aos formatos rápidos aos quais esses teens já estão habituados, a startup aposta em conteúdos no TikTok com microinfluenciadores, que abordam conceitos básicos, como a diferença entre débito e crédito, a explicações sobre criptomoeda. A proposta é entregar informações que não subestimem esse público e de forma a inseri-los, cada vez mais, na economia digital.

Cartão de “crébito” da Z1 pretende dar aos jovens mais autonomia e controle de suas finanças (Crédito: Divulgação)

“Para nós, era irônico que essa geração digital savy ainda tinha de mexer com dinheiro. Óbvio que ainda precisamos da autorização dos pais, mas digitalizamos e facilitamos esse processo para os adolescentes terem mais autonomia, que é outro código dessa geração”, explica Sophie. Hoje, o banco oferece um cartão de “crébito” (qualquer semelhança com o vídeo do Porta dos Fundos é mera coincidência, afirma a empresa), que une o pré-pago à função de crédito, além de viabilizar o PIX. De acordo com a empresa, a minoria dos clientes da Z1 pertence à classe A e ao eixo Rio-São Paulo, e muitos dos jovens trabalham e até empreendem.

DIVERSIDADE E INCLUSÃO

Acesso, democratização e diversidade são critérios que pautam a escolha dos embaixadores e o tom da comunicação da startup, que utiliza a linguagem neutra, algo que atrai haters e questionamentos de alguns pais. Cientes de que estas reações poderiam ocorrer, a empresa pretende fincar o pé nesses valores para fazer mudanças de dentro para fora.

Uma das principais metas no que diz respeito à política de diversidade da Z1 é a empregabilidade de pessoas minorizadas. “Vejo empresas gigantes que tentam mudar retroativamente. E, no nosso caso, se existe a possibilidade de começar a pensar diversidade do zero, não existe desculpa”, afirma Sophie.

De janeiro a março, a Z1 foi acelerada pelo YC, que preza pela diversidade e, no início de maio, a fintech recebeu R$ 14 milhões em uma rodada seed capitaneada pelo fundo norte-americano Homebrew. Entre os participantes esteve o Gaingels, fundo de investimento reconhecido pelo apoio à comunidade LGBTQIA+.


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