Biotech brasileira recria mel a partir de enzima de laboratório

Crédito: Fast Company Brasil

Luiz Gustavo Pacete 2 minutos de leitura

A Tecbio Holding, biotech brasileira com laboratório e fábrica instalados em Santa Bárbara D´Oeste, interior de São Paulo, desenvolveu uma enzima que imita a produção do mel animal dando origem a uma versão vegana do alimento.  O produto, que já está no mercado e leva o nome de LikeaB, é produzido pela BSweet, uma das marcas do conglomerado, e fruto do investimento de R$ 10 milhões da holding que deve destinar outros R$ 15 milhões a um novo ciclo de produção.

O produto de fabricação mescla a enzima invertase GMO free, mesma utilizada naturalmente pelas abelhas, ao xarope de açúcar demerara, principal matéria-prima, à qual se adicionam fibra solúvel, açúcar mascavo, aroma natural de flores e água. Outra versão do produto, ainda em desenvolvimento, deve incluir pequenos cristais que imitam também o processo de cristalização do produto. De acordo com Ivo Rischbieter, presidente da Tecbio, o desafio no desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao setor de alimentos é trazer a experiência de consumo o mais perto possível do que já é conhecido.

“Sob a ótica tecnológica, a enzima, também utilizada pelas abelhas, tem papel relevante em nosso processo de produção, como também os aromas naturais de flores. Esses são dois elementos determinantes para que se tenha uma experiência única e próxima do mel produzido pelas abelhas”, explica. De acordo com Ivo, “a indústria de alimentos está sob pressão para limpar seus produtos e oferecer mais saudabilidade para o consumidor. A diversidade de demanda por parte dos consumidores é a força motora por trás de todas estas mudanças. Neste contexto, buscar soluções próximas às oferecidas pela natureza representa um mercado potencial já existente e em crescimento significativo”, afirma.

O LikeaB utiliza a mesma enzima natural para recriar o mel (Crédito: Reprodução)

A BSweet não está sozinha no grupo de foodtechs que recriam alimentos de origem animal, porém, com ingredientes vegetais, como a chilena NotCo, que por meio de inteligência artificial desenvolve a busca de novos elementos na composição de seus produtos. “Desenvolvemos uma tecnologia que permite a produção de um catalisador biológico e conseguimos aplicá-lo em escala industrial, juntamente com pesquisa, para desenvolvimento de soluções de alimentos naturais, plant-based, GMO free, veganos e orgânicos. Acredito que a tecnologia – como em tantas outras indústrias – não apenas vai mudar a forma como produzimos nossos alimentos, mas também contribuir para o avanço de soluções mais sustentáveis, saudáveis e alinhadas às demandas maiores e cada vez mais exigentes dos consumidores”, afirma.

De acordo com a Ingredion, mais de um terço dos latino-americanos se identificam com alguma alternativa alimentar. Os números mostram que 37% dos entrevistados da região se reconhecem com movimentos como veganismo, vegetarianismo, flexitarianismo ou pescetarianismo. A grande maioria, 80%, considera que as alternativas alimentares à base de vegetais são mais saudáveis, sendo que 44% adotam esse tipo de dieta para prevenir doenças e 39% para ter opções mais variadas. Para 42% dos entrevistados, a saúde e os cuidados pessoais são temas importantes em meio à pandemia provocada pela Covid. Somados, os mercados veganos e vegetarianos já movimentam mais de US$ 50 bilhões globalmente.


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