Games no Innovation Festival 2021: uma conversa sobre o futuro do entretenimento

Crédito: Fast Company Brasil

Jeancarlos Mota 8 minutos de leitura

Se existe uma indústria que vive em meio a inúmeros recomeços, esta é a indústria dos games. Jogos já viveram diversas gerações de consoles, lançamentos de novas peças e periféricos para PC e os mais diversos formatos de distribuição de mídia. E como recomeço é o tema do Innovation Festival 2021 da Fast Company Brasil, nada melhor do que uma conversa com três gigantes do mercado gamer brasileiro para falar sobre como esses novos reboots da indústria dos games — lançamento de uma nova geração, pandemia e pós-pandemia e novos formatos de distribuição e mídia — expandem o mercado e moldarão o futuro do entretenimento.

QUEM?

Alexandre Zieber (Crédito: Nvidia Brasil)

Entre os convidados, estava Alexandre Ziebert, gerente de marketing técnico da Nvidia para a América Latina. “Ziba” tem mais de 10 anos de experiência no ramo de tecnologia e é um expert em hardware. Seu vasto conhecimento técnico sobre GPUs, Ray Tracing, DLSS, Reflex e ferramentas conceitos gerenciais, além de suas habilidades como gamer, sempre auxiliam membros e líderes da indústria gamer latino-americana, assim como membros do mundo dos negócios, a obterem os melhores resultados. Ziba é um dos maiores nomes da cena tech brasileira há mais de 8 anos na Nvidia do Brasil, onde também presta assistência e consultoria a críticos e editores de tecnologia para auxiliá-los no desenvolvimento de suas pautas e avaliações de novas peças de hardware. 

Bruno Motta (Crédito: Microsoft Brasil)

Além dele, contamos com a presença de Bruno Motta, Xbox BR category lead na Microsoft do Brasil. Além de profissional de marketing e vendas — com experiência no desenvolvimento de modelos de negócios e iniciativas go-to-market para marcas, produtos e serviços de assinatura na área de bens de consumo –, Brunão trabalha com o Xbox há mais de 4 anos em nosso país. Apaixonado por games, o chefe de negócios e comunicações de marketing do Xbox no Brasil também gerencia o Go-To-Market para o portfólio do Xbox, tanto em dispositivos (hardware), como em jogos (software) e serviços. É ele quem anuncia as novidades da marca Xbox no país como porta-voz oficial da plataforma e já se tornou um conhecido e querido dos fãs e do mercado de Xbox.

Phil Chaves (Crédito: Twitch Brasil)

Também compôs a mesa Philp Chaves, o diretor-executivo da Twitch Brasil, Phil é um tech-head de carteirinha com mais de 11 anos de experiência em marcas como Google, Facebook, Instagram e Uber. Agora no mundo dos games, ele lidera o time da Twitch no Brasil e traz seu forte conjunto de habilidades gerenciais para o universo do streaming, uma vez que a Twitch se transformou em algo muito maior que os tempos da Justin.tv dos exclusivos streams de games. A plataforma agora conta com música, talk shows, esportes, torneios, viagens e muito mais além dos games e Phil e o time da Twitch visam levar a criatividade e espaço dela para ainda mais marcas e fãs.

PARAMOS OU CRESCEMOS?

Saiba o que os experts em gaming disseram sobre o futuro da indústria (Crédito: Fast Company Brasil)

Estamos falando de uma das maiores indústrias do mundo. O que antes era considerado por muitos como apenas uma brincadeira ou hobbie agora conta com uma fatia de mercado que lucra mais que o cinema e esportes americanos combinados. E perguntamos aos nossos como eles enxergaram a maneira com que as pessoas se adaptaram, em tempos de pandemia, no nosso mercado.

“Todo mundo joga”, afirmou Alexandre Ziebert. “As pessoas jogam cada vez mais e, se isso vinha numa crescente, agora tudo está ainda mais acelerado. Além disso, as pessoas não estão apenas jogando ou assistindo alguém jogar [em streamings], mas elas agora estão produzindo seu próprio conteúdo, stremando”. 

“O distanciamento social fez com que as pessoas passassem mais tempo em casa”, completou Phil Chaves. “Por mais que a tendência seja de essa realidade diminuir, com as pessoas voltando a sair de casa, esses acontecimentos ajudaram a alavancar ainda mais nossa indústria. Tudo isso ajudou as pessoas a descobrirem mais conteúdo, elas estão passando mais tempo na Twitch com novos conteúdos que ajudaram a captar novas audiências. Agora as pessoas descobriram o livestreaming e viram que ver esses jogos pode ser tão emocionante quanto ver uma final de futebol”.

“Games passam a ser uma nova forma de as pessoas se comunicarem”, constatou Bruno. “Se antes eu telefonava para meu irmão, para saber como ele estava, agora colocamos o papo em dia durante uma partida online. Esse é meu exemplo pessoal dentro de tantos outros, números, que cresceram durante esse período. Os assinantes do Xbox Game Pass fizeram 23 milhões de novos amigos, comparado com o período anterior, pois esses 23 milhões são adicionais”, revelou. “Com isso, vimos que games serviram como uma forma de entretenimento e engajamento social”.

GAME ON

Mobile cresce no mercado de games e o cloud gaming pode ser o maior responsável (Crédito: Newzoo)

As projeções para 2022 em diante são ainda mais animadoras. A indústria de jogos está se expandindo rapidamente em todo o mundo e, de acordo com o recente Global Games Market Report da Newzoo, se em 2019 o negócio de jogos foi estimado em US$ 152 bilhões, espera-se que agora ele aumente para US$ 196 bilhões até 2022, podendo passar dos US$ 210 milhões até 2024.

Com isso, questionamos nossos convidados: A que se deve esse crescimento contínuo?

“No caso da Twitch, vemos esse crescimento pautado em muito conteúdo novo”, explica Chaves. “Gaming sempre foi algo popular, e as pessoas jogam das coisas mais simples até os games mais avançados, mas agora tudo ficou mais popular ainda, o que aumentou o Time Spent [tempo que o usuário passa em uma live]. A pessoa que entra para assistir League of Legends, também gosta de futebol e música e, quando ela termina uma live de LoL, ela acaba por também ver uma dos demais assuntos, pois eles conversam. Isso falando de nossa plataforma, porque, de uma maneira geral, gaming se tornou algo muito mais cativante”, afirmou. “Gaming não é apenas para as pessoas hardcore, o game atinge pessoas que querem uma experiência muito mais simples e o gamer se torna alguém que entretém as demais pessoas”. 

O mesmo se aplica a outros aspectos da indústria. Se o preço de peças de PC ou consoles era um impeditivo para muitos brasileiros, soluções em nuvem podem resolver a questão, uma vez que paga-se apenas pelo serviço para poder curtir games de consoles ou PC em seu celular ou computador de configuração mais simples, por exemplo, sem a necessidade de investir milhares de reais em hardware.

“Vemos cada vez mais a indústria dos games empurrando a fronteira da tecnologia e isso diminui as barreiras de entrada, para que mais pessoas consigam acessar cada vez mais [nossa indústria]”, comenta Motta. “Para tanto, trouxemos para o Brasil, ainda em Teste Alfa, o [Xbox] Cloud Gaming, que agora já está funcionando em versão Beta para todos, como parte do Xbox Game Pass, o que é um sucesso fenomenal com os jogadores brasileiros exatamente por reduzir a barreira de entrada e todos aqueles que queriam jogar agora podem. Acessibilidade é algo importante também”, explica. “A disponibilidade e os preços dos componentes estão altos, e o cloud gaming passa a ser uma possibilidade”, afirma Ziebert. “Essa facilidade faz com que mais pessoas possam jogar, e a gente [Nvidia] lançou o GeForce Now e tivemos uma recepção bem maior do que esperávamos. As pessoas têm o interesse, e poder oferecer essas ferramentas ajuda nesse crescimento”.

O FUTURO DOS GAMES

Jogos em nuvem, bibliotecas de conteúdo on-line, serviços digitais de facilitação de entrada no universo dos games. O futuro já está presente para os gamers e você já pode ter acesso a inúmeros títulos nesses acervos digitais, como uma locadora de games digital. É esse o futuro da indústria dos jogos digitais?

“Nós [Microsoft] entendemos que qualquer marca que queira ser bem-sucedida tem que passar por esses três pilares: conteúdo, comunidade e cloud”, revela Bruno. “Não é à toa que a Microsoft vem fazendo investimentos gigantescos em conteúdos, comunidade você não constrói da noite para o dia, para ter uma com mais de 100 milhões de pessoas que estão sempre conectadas em sua plataforma e a gente acredita muito no poder do Cloud Gaming. É por isso que estamos trazendo a Xbox Cloud Gaming para o mercado”.

“Cloud gaming democratiza o acesso a tecnologia de ponta”, completa Alexandre. “Com ela, você facilita esse acesso para o gamer poder provar o que tem de mais novo e avançado no mercado. E já estamos num  ponto em que o todo o sistema de cloud gaming já funciona muito bem, o que nos permite oferecer experiências de gaming na nuvem. Logo será possível jogar em cloud com uma RTX 3080, que permite jogar em 4K com HDR, algo que nem todos têm acesso em casa para poder jogar nesta qualidade”.

“Você também terá novas formas de monetizar melhor”, explica Philp. “Os dias em que tudo que era virtual era de graça acabaram. Teremos eventos híbridos, com partes gratuitas e pagas, o que será um incentivo ainda maior para os produtores de conteúdo. Isso certamente motivará marcas e pessoas para o futuro dos games”. 

A máxima inegável que fica é: os games crescerão ainda mais e você ainda ouvirá muito sobre eles.


SOBRE O AUTOR

Jeancarlos Mota é co-publisher de games da Fast Company Brasil, editor-chefe do IGN Brasil e apaixonado por games e esportes. saiba mais