Gigantes tech anunciam console portátil que pretende chacoalhar o mercado


Mark Sullivan 3 minutos de leitura

A Qualcomm, a gigante da produção de processadores, e o fabricante de hardware de jogos Razer se uniram em uma aposta: dispositivos portáteis mais rápidos e poderosos serão, em breve, objeto de desejo dos inúmeros jogadores de games pelo mundo.

As duas empresas trabalharam juntas para construir um protótipo de um console portátil, que é alimentado pelo novo sistema de processador da Qualcomm, chamado Snapdragon G3x. As empresas fizeram o anúncio na última quarta-feira, na Snapdragon Tech Summit 2021.

 

Este mês, a Razer começará a distribuir o novo console para desenvolvedores de games. O objetivo é fomentar a criação de jogos específicos para ele. Embora nenhum plano ou cronograma tenha sido anunciado, a Razer provavelmente lançará o dispositivo ao mercado — ou produto semelhante a ele — em 2022.

Já a expectativa da Qualcomm é que os demais fabricantes de hardware passem a usar o seu novo processador, chamado de G3x, em seus dispositivos.

(Crédito: Qualcomm Technologies)

As duas empresas estão aderindo a uma tendência que já está ganhando força. Scott Stein, editor do CNET — site americano voltado ao mundo da tecnologia — chamou 2021 de “o ano do portátil“, devido a lançamentos que geraram burburinho em torno dessa forma de jogar, como a atualização da Nintendo para seu switch de 4 anos (agora com uma tela OLED).

Esse novo console portátil tem um processador capaz rodar todos os jogos Android, reproduzir conteúdo de bibliotecas de jogos em nuvem (como Xbox Cloud Gaming e Steam Remote Play) e fazer streaming de jogos de outros consoles e PCs. 

Questionado sobre por que as duas gigantes estão convencidas de que agora é o momento certo para apostar alto em dispositivos móveis de jogos dedicados, Micah Knapp, diretor sênior de gerenciamento de produto da Qualcomm, ressalta que, durante a pandemia, foram os jogos móveis que cresceram mais rápido. 

Ele cita dados da Newzoo dizendo que a receita de jogos para celular (incluindo telefones, tablets e dispositivos portáteis de jogos) cresceu 15% durante o ano passado e agora é responsável por 52% de toda a receita do mercado, enquanto os jogos para PC respondem por 21% e os de console, 28%.

JOGOS PARA CELULAR ALÉM DE SMARTPHONES

O console tem cerca de 27 centímetros de diâmetro, grandes alças em ambos os lados e se parece bastante com controles de consoles tradicionais, mas com uma tela no meio. Esta, aliás, possui 6,65 polegadas — o que não é muito maior do que a maioria dos smartphones top de linha. Por exemplo, o Galaxy S21 Ultra 5G da Samsung tem uma tela de 6,8 polegadas.

(Crédito: Qualcomm Technologies)

O dispositivo também oferece suporte para motores vibracionais que fazem as duas alças vibrarem muito mais significativamente do que um smartphone pode fazer. Durante o jogo, isso contribuiu para uma sensação muito maior de imersão no jogo do que a experiência proporcionada por um smartphone top de linha.

Outra vantagem é em relação à captação das imagens. Nos smartphones, a câmera frontal está localizada na parte de cima do dispositivo, mas — ao segurar o telefone na horizontal para jogar — a câmera fica totalmente mal posicionada. Já neste dispositivo novo, a câmera de 5 megapixels fica logo acima da tela. Isso permite que os jogadores façam streamings durante os jogos, com uma qualidade muito melhor, mostrando seu rosto por completo. O dispositivo usa dois microfones para captar a voz do jogador.

(Crédito: Qualcomm Technologies)

Para que os jogos da nuvem funcionem sem problemas, o processador G3x inclui o chip 5G mais rápido da Qualcomm, que suporta o tipo mais rápido de serviço 5G — chamado 5G mmWave. Ele também se conecta a redes Wi-Fi 6 ou 6E.

Por enquanto, nem o processador nem este dispositivo estão à venda, mas as duas marcas deram uma tacada de mestre ao provocar o ecossistema gamer em torno de uma nova onda de dispositivos. 


SOBRE O AUTOR

Mark Sullivan é redator sênior da Fast Company e escreve sobre tecnologia emergente, política, inteligência artificial, grandes empres... saiba mais