A devolução de presentes de Natal é um pesadelo ambiental. Como evitar?

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Estamos entrando no período de compras mais agitado do ano, em que marcas tentarão nos convencer de que realmente precisamos de seus produtos com promoções tentadoras. Mas é certo que, em algumas semanas, os consumidores devolverão muitas dessas compras.

Devoluções são comuns no varejo, mas têm um custo enorme para o planeta, agravam as mudanças climáticas e lotam os aterros sanitários. O transporte dos produtos devolvidos nos Estados Unidos produz cerca de 15 milhões de toneladas de carbono a cada ano, o equivalente à emissão de três milhões de carros. Quando esses produtos devolvidos chegam aos depósitos, os varejistas jogam cinco milhões de toneladas deles no lixo, já que isso costuma ser mais barato do que tentar revendê-los. Muitos desses retornos ocorrem após o recesso do Natal; é esperado que mais da metade dos consumidores devolvam presentes indesejados até um mês após recebê-los. No ano passado, o USPS (serviço postal americano) registrou cerca de 1,9 milhão de devoluções apenas no dia 2 de janeiro.

Se você se preocupa com o planeta, evitar devoluções pode ser uma forma de contribuir. É importante planejar com antecedência e pensar estrategicamente no que você vai comprar para você, seus amigos e familiares nas próximas semanas. Apresentamos aqui um guia inteligente de compras que reduzirá a necessidade de devolução.

FAÇA AS LISTAS DE PRESENTES SEM ESTIGMAS

Laura Wittig, cofundadora da marca de consumo consciente Brightly, aponta que existem muitas regras arbitrárias quando se trata de dar presentes. Em muitas famílias, as pessoas sentem a necessidade de surpreender umas às outras com presentes elaborados e bem embrulhados que demonstram o quão bem elas conhecem o outro. Mas, muitas vezes, isso significa receber um presente que não te agrada ou que você não usará, algo que o leva a devolução.

Wittig diz que uma solução é sugerir que todos em sua família criem uma lista do que querem ganhar e compartilhem com os demais. Não precisa ser nada muito elaborado: ela, por exemplo, cria uma planilha do Google com os produtos que deseja, adicionando links e uma coluna em que as pessoas podem avisar quando compram o item. “Descobri que os membros mais velhos das famílias são particularmente avessos a isso porque vai contra o que consideram o significado de presentear alguém”, diz ela. “Mas com o tempo eles se acostumam e passam a gostar da solução.”

Como alguém que já faz isso há vários anos, Wittig diz que o ideal é ter uma grande variedade de produtos e faixas de preço na lista, para dar opções às pessoas. Ela raramente coloca itens de moda ou de vestuário na lista, já que questões como tamanho ou caimento podem tornar tudo muito complicado. E também destaca no topo que esses itens são apenas ideias gerais do que ela deseja e que todos podem ficar à vontade para comprar algo semelhante, se preferirem.

PRIORIZE ITENS CONSUMÍVEIS

Ficar preso em casa durante a pandemia deixou claro para muitos de nós como realmente temos pouco espaço nos nossos lares. Então, em vez de comprar mais coisas que vão lotar e bagunçar sua casa ou a de outra pessoa, Wittig recomenda focar em coisas que podem ser consumidas. Use as festas de fim de ano para dar de presente guloseimas ou bebidas que as pessoas provavelmente não comprariam para si, como uma garrafa de vinho especial ou doces chiques. No ano passado, um amigo me deu sabonete para as mãos da marca Byredo, que amei e usei por um ano inteiro – mas que, provavelmente, não teria comprado para mim mesma. “São coisas que você, seu familiar ou amigo vão adorar usar e que dificilmente devolverão”, diz Wittig. “E que, em algum momento, vão parar de ocupar espaço em sua casa.”

EVITE COMPRAR ROUPAS

Roupas são um dos maiores responsáveis pelo número enorme de devoluções, principalmente quando compradas pela internet. Uma pesquisa mostrou que 40% de todas as compras de roupa online resultam em devoluções. Em parte, isso ocorre porque é difícil descobrir se uma roupa vai caber ou se é de boa qualidade quando você a compra pela internet.

Se você pretende comprar roupas para si mesmo neste período, considere ir a uma loja física para que você possa experimentá-las. Mas, se você optar por comprar pela internet, priorize marcas que você já comprou ou conhece e sabe que usará. Evite comprar novas marcas, já que não tem como garantir que o tamanho ou caimento serão de seu agrado.

Já comprar roupas para outras pessoas é ainda mais difícil. Muitas pessoas optam por comprar itens como cachecóis ou chapéus para facilitar, mas nunca se sabe se seus amigos e familiares realmente precisam desses acessórios. Em última análise, comprar um gift card ou dar um vale-presente de uma marca que a pessoa costuma consumir pode ser a melhor alternativa. Novamente, isso pode significar para alguns que não houve muito esforço em pensar no presente, mas se a pessoa gosta muito de uma determinada marca, ela provavelmente gostará de poder escolher por si mesma a peça ou talvez até guardará o vale-presente ou gift card para um momento em que realmente precise de um novo casaco ou bolsa.

NÃO CAIA NAS ARMADILHAS DA BLACK FRIDAY

As ofertas da Black Friday e da Cyber Monday costumam ser as melhores, então é perfeitamente razoável querer aproveitá-las ao máximo. Mas esta também é a época do ano em que as marcas usam suas melhores estratégias para convencê-lo a comprar o máximo possível, aponta Ashlee Piper, especialista em sustentabilidade e autora do livro Give a Sh*t: Do Good. Live Better. Save the Planet. “A utilização de truques psicológicos de marketing na Black Friday é enorme”, diz ela. Para escapar deles, ela recomenda fazer a si mesmo algumas perguntas básicas como: Eu já tenho algo parecido? Eu realmente preciso de um produto novo? Eu compraria se não estivesse em promoção?

Uma boa estratégia é aproveitar essas promoções apenas para comprar e estocar itens que você usa bastante ao longo do ano, como produtos de beleza ou café, por exemplo. Antes de pesquisar os produtos em oferta, tente fazer uma lista de coisas que você compra regularmente para ver se consegue encontrar esses produtos com preços mais baixos. Isso diminuirá as chances de você se arrepender da compra e querer devolver os produtos.

DEVOLUÇÕES MAIS CONSCIENTES E TROCAS

Se você optar por devolver algum produto mesmo assim, existem algumas formas de diminuir o impacto disso. Se você o adquiriu pela internet, tente não simplesmente embalá-lo e devolvê-lo pelo correio, diz Piper. “Opte pela devolução em pontos específicos, como quiosques da Amazon, ou lojas físicas”, diz ela. “Isso ajuda a reduzir os materiais utilizados para o transporte e as emissões relacionadas a ele.” Às vezes, esses produtos são enviados para um centro de distribuição de qualquer maneira, então, pode não ser a solução ideal, mas vale a pena tentar contribuir para o planeta.

Também existem muitos grupos que promovem a ideia de pouco ou nenhum consumo, como o “Buy Nothing”, no Facebook, e outros de plataformas como NextDoor, onde pessoas compartilham produtos que gostariam de passar adiante. Muitos desses grupos são em comunidades específicas, o que permite que você troque itens com seus vizinhos. Então, em vez de devolver itens às lojas, onde podem ser mandados para aterros sanitários, vale a pena tentar trocá-los com alguém que realmente queira o produto. Você pode acabar recebendo algo em troca que realmente deseja.


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