Karvin Cheung, pioneiro dos cards esportivos, está reimaginando os NFTs

Crédito: Fast Company Brasil

Nicole Laporte 3 minutos de leitura

E se um NFT estivesse de alguma forma vinculado a algo tão antigo quanto um produto físico real? Este é o conceito por trás do Grid, uma nova plataforma onde as pessoas podem comprar NFTs (tokens não fungíveis) de produtos esportivos digitalizados – como uma camisa da NBA, por exemplo. Então, ao acumular pontos suficientes através da venda ou troca desses NFTs, pode-se ganhar a camisa de verdade.

Este é um conceito que leva a NBA Top Shot – plataforma responsável por lançar NFTs com estrelas do basquete – além, e que Karvin Cheung diz capitalizar no “fator nostalgia” dos colecionáveis esportivos. “Os NFTs são um fenômeno novo e por isso não há nostalgia relacionada a eles”, diz Cheung. “Estamos apresentando a ideia de colecionáveis digitais junto com um item físico para preencher essa lacuna e trazer a nostalgia para o espaço digital dos NFTs.”

Cheung sabe bem do que está falando. Como executivo sênior da empresa de cards colecionáveis Upper Deck, ele criou a Exquisite Collection, que foi pioneira na ideia dar destaque aos cards esportivos de uma forma inovadora. A coleção foi lançada em 2004 com um conjunto de cartas associadas ao então novato LeBron James. Hoje, elas são vendidas por mais de US$ 5 milhões.

(Crédito: The Grid)

Mas, enquanto Cheung via o mundo dos colecionáveis esportivos começar a fazer parte do metaverso nos últimos meses, percebeu que algo faltava: o apelo emocional que sentimos ao tocar ou segurar um objeto, o que não ocorre quando apenas olhamos para ele em uma tela. Hoje, ele está tentando trazer isso ao mundo digital através do seu trabalho no Grid, onde supervisiona a criação de NFTs.

Criado por Sher Chaudhary, cofundador do Nostalgia Labs, o Grid é uma nova plataforma de NFT onde as pessoas podem comprar tokens não fungíveis relacionados a itens esportivos colecionáveis. Cada NFT é uma espécie de versão digital desses itens – como a camisa do LeBron, por exemplo. Mas, por meio da compra e troca de NFTs na plataforma, os usuários ganham pontos. E, quando um certo número de pontos é alcançado, o usuário recebe o objeto real (a camisa, no caso) — que o Grid adquire por meio de negociações com colecionadores.

Cheung acrescenta que a nostalgia é o ingrediente-chave do motivo pelo qual as pessoas colecionam objetos. “Acredito que a maioria das pessoas coleciona coisas porque isso as leva de volta à infância”, diz ele. “Sejam cards de Pokémon ou cards esportivos, geralmente quem os coleciona é porque era fã quando criança. Muitas vezes, as pessoas afirmam que retomaram suas coleções porque sempre houve um card específico que queriam ter, ou um brinquedo, ou um tênis. Isso traz de volta memórias. São itens que eles não têm mais, ou sempre quiseram, mas nunca puderam ter.”

Cheung passou sua vida no ramo de cartões colecionáveis, chegando a abrir sua própria loja em determinado momento. Ele criou cards de hóquei, de basquete, de beisebol e de futebol. (Ele criou até mesmo o seu próprio apelido no meio corporativo: o Arquiteto.) Sua paixão por esses cartões vem desde sua infância em Toronto, no Canadá. Ele se lembra de, aos 6 anos de idade, ver crianças mais velhas jogando cards de hóquei no ar por diversão. Cheung saía correndo para tentar pegá-los enquanto caíam no chão, e se lembra de quando finalmente conseguiu. “Tive que mergulhar em uma poça d’água para pegá-lo”, diz ele. “O card estava rasgado e amassado, mas foi uma conquista e tanto.”

(Crédito: cortesia de The Infinite)

Hoje, ele está expandindo esses produtos para o mundo da música, sua outra paixão (ele foi DJ aos vinte e poucos anos). Sua nova empresa, Infinite, está criando cards colecionáveis de músicos, com a ideia de abranger toda uma nova comunidade de fãs. Para a coleção de estreia, que conta com o cantor The Weeknd, o Infinite firmou uma parceria com a Billboard, responsável pelo sucesso estrondoso do artista canadense, para comemorar o fato de que seu hit Blinding Lights recentemente ultrapassou o antigo ocupante do pódio, The Twist de Chubby Checker, como nº 1 na lista das 100 melhores músicas de todos os tempos da Billboard. Cheung ressalta que The Weeknd teve participação no processo criativo e aprovou toda a coleção, que apresenta imagens do clipe de Blinding Lights. (Os cards têm edição limitada e podem ser adquiridos no site do artista.)


SOBRE A AUTORA

Nicole LaPorte é uma colunista senior da Fast Company baseada em L.A. que escreve sobre a intersecção entre tecnologia e entreteniment... saiba mais