As cinco lições de Ted Lasso sobre ser um grande líder

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Se você está planejando assistir a série, prossiga com cautela – há spoilers pela frente.

Um dos riscos ocupacionais de escrever sobre liderança por mais de uma década é que você começa a ver as lições ao seu redor e a atribuir significado às ações dos outros. Às vezes, esses “outros” podem ser os personagens principais de programas de televisão. Ted Lasso, da Apple TV, é como um guia para ser um bom líder.

Notícias positivas sobre a série, estrelado por Jason Sudeikis como um treinador de futebol americano em Londres, resultaram na maior audiência de estreia do serviço de streaming até hoje, e um aumento de seis vezes na audiência, de acordo com um relatório da Variety. Embora o serviço de streaming não esteja liberando dados concretos de audiência, está claro que a série vem ganhando força. A série também acumulou 20 indicações ao Emmy, incluindo quatro na categoria Melhor Ator Coadjuvante.

Pergunte aos fãs por que eles (nós) amam(os) o show e você ouvirá um refrão familiar: é um ponto iluminado na escuridão de um mundo doloroso. O texto é afiado e consegue ser otimista, sensato e hilário sem ser enfadonho. Cada personagem tem falhas e fraquezas que os impedem de se tornarem caricatos. Em um episódio recente que homenageou comédias românticas (mais engraçado e inteligente do que parece), Lasso declarou: “Eu acredito no ‘rom-comunismo’” – a filosofia de que tudo vai dar certo no final, mesmo que não seja da maneira que você acha que seria. Hoje em dia, parece difícil de acreditar. É aí que está boa parte do apelo do show.

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SEJA CURIOSO, NÃO JULGUE

Em um jogo de dardos de alto risco, Lasso enfrenta o ex-marido de sua chefe, o bilionário Rupert Mannion (Anthony Head). Mannion perdeu a propriedade de seu amado clube de futebol, Richmond AFC, em um acordo de divórcio com sua ex-mulher, Rebecca Welton (Hannah Waddington). O bilionário desafia Lasso para um jogo de dardos, e os dois decidem fazer uma aposta. Se Mannion vencer, ele pode escolher as escalações dos jogadores para os dois últimos jogos da temporada. Se Lasso vencer, Mannion é banido do camarote do proprietário, dando a Welton alívio do seu assédio.

Durante o jogo, Lasso usa a famosa citação de Walt Whitman, “Seja curioso, não julgue”, para explicar por que a curiosidade é mais eficaz do que o julgamento de mente fechada e a arrogância. Se Mannion tivesse simplesmente feito algumas perguntas como “Você já praticou muito o jogo de dardos?”, teria apreendido que Lasso era um ás no jogo. O treinador então prova seu ponto com uma jogada final de mestre.

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NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL

Jamie Tartt (Phil Dunster) é o atacante estrela do Richmond AFC, que está emprestado ao Richmond AFC por outro clube. Em campo, Tartt é um devorador de bola, recusando-se a passar para os outros jogadores, mesmo quando eles têm melhores possibilidades de jogada. Fora do campo, ele parece ser um narcisista implacável, intimidando e provocando outros jogadores e Nathan Shelley (Nick Mohammed), o faz-tudo que virou treinador. Por causa de sua pressão sobre o moral da equipe e o contínuo mau comportamento, Lasso decide colocar Tartt no banco durante a primeira metade de um jogo importante, arriscando uma derrota. Com o incentivo de seu treinador, a equipe se adapta e consegue a vitória.

Quando membros da equipe tornam-se abusivos e prejudiciais, mesmo que sejam estrelas do rock, é hora de mudança. E, claro, tais movimentos podem ter consequências. Na série, Tartt é chamado de volta para seu time original. Mas a equipe aprende que ninguém é insubstituível.

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ADMITA ERROS – E PEÇA DESCULPAS

Toda a premissa da série é baseada no engano. Welton contratou Lasso, que não tinha experiência como técnico profissional ou conhecimento do futebol, para fracassar. Ela queria que o clube implodisse para machucar seu ex-marido. Mas a sabedoria, o otimismo e o compromisso de Lasso transformam virtualmente todos que ele encontra, amolecendo corações e conquistando muitos de seus críticos. Ao longo da temporada, Welton percebe como ela também mudou por estar no universo de Lasso. Sob pressão de sua nova amiga, Keeley Jones (Juno Temple), ela confessa a Lasso que armou para que ele falhasse e se desculpa. Lasso a perdoa, buscando aprofundar com ela o laço de amizade e o compromisso para tornar a equipe melhor.

ACREDITE

Uma única palavra estampada em uma placa amarela dependurada toscamente com fita adesiva sobre a porta do escritório dos treinadores – Acredite – lembra a todos no vestiário sobre o poder da crença: acreditar em si mesmo; crença na equipe; crença em ideais e objetivos (em cada definição da palavra).

Lasso pendura a placa amarela no episódio piloto. Jones aponta que está torta e o direciona, enquanto ele tenta ajustar. Eles concordam que está “perfeito”, mas quando a câmera retorna, vemos que está tão torto quanto no início. A crença não precisa ser perfeita – só precisa estar lá. 

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BONDADE IMPORTA

Se há um tema constante ao longo da série, é o da gentileza como força poderosa. Coisas boas acontecem quando os personagens são decentes, respeitosos e fazem as coisas certas. A lenda rude e durona do futebol Roy Kent (Brett Goldstein) tem um lado carinhoso e cuidadoso que o torna querido por Jones, sua sobrinha Phoebe e um círculo de mães de ioga bebedoras de vinho com quem ele ocasionalmente assiste reality shows. O devoto homem de família e gerente de comunicações da equipe, Lesley Higgins (Jeremy Swift), vive um momento de redenção quando defende suas crenças e assim acaba em um lugar melhor. E o misterioso treinador Beard (Brendan Hunt), treinador assistente de Lasso, mostra o valor de amigos sábios e firmes.

Claro, existem outras mensagens, se você analisar mais detalhadamente. Promover Shelley a uma posição na comissão técnica por causa de sua paixão e conhecimento é um grande exemplo de desenvolvimento e reconhecimento de talentos. As habilidades de cura milagrosas da Dra. Sharon Fieldstone (Sarah Niles) são um aceno para a importância do autocuidado, especialmente no que diz respeito à saúde mental. E Dani Rojas (Cristo Fernandez) nos lembra que o mundo se enche de alegria “mucho, mucho” – se você procurar.

As lições de Ted Lasso não vêm com notas de rodapé para estudos científicos ou o suporte de opiniões de especialistas. Mas procure-as em doses semanais de meia hora — maratonando, se preferir — e será difícil não acreditar no poder de fazer a coisa certa.


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